(Obra construída em oficina no CAPSi)
Eu ontem encontrei Medianeras, ou
pelos menos permiti que ele me encontrasse. Filme de Gustavo Toretto, que me instigou reflexões sobre os confrontos do desencontro, a simplicidade e o encantamento.
A narrativa me envolveu e evocou
as sutis substâncias do viver que desejo. Medianeras trouxe uma reflexão sobre
a força dos recursos do contemporâneo que facilitam as práticas, mas propiciam
um distanciamento e adiamento do encontro com o real. O encontro é plausível em
diversas trajetórias das horas vividas, mas é atravessado por distrações e
abstrações do agora, a ponto dos pontos singelos não serem notados e até mesmo
anulados na rotina inquilina das ambições virtuais.
A canção executada em uma cena de
clamor pelo encontro é de Daniel Johnston,
True love will find you in the end, que possibilitou uma viagem a minha adolescência
indie. Ah! Como eu poderia esquecer
dessa canção? Hoje ela toma um outro sentido, porém não menos importante.
A forma como a cidade é
estruturada, as características expressivas que são adotadas e os intervalos
permitidos para o encontro dos sujeitos são de ordem confusa, querelante, porém
não permissível. Depois dessa experiência decidi manter cada cena do filme e cada
interlocução em minha mente, afim de perpetuar o sentimento fervoroso acendido
em meu peito. Fiquei com incansáveis e prazerosas reflexões:
Será possível transgredir os
recursos do contemporâneo para que o encontro projete seu eu visceral?
Quantas pessoas cruzam as mesmas
pegadas e possuem necessidades equivalentes que possibilitam a continuidade da existência?
Quantas pessoas atravessaram por
mim e que eram possíveis caminhantes que clamavam pelo mesmo tom de vida?
Quantos filmes, músicas, textos,
ou qualquer arte visual que emocione, são degustadas na solidão e que clamam pela
arte libertária de serem partilhadas com o outro?
Essas perguntas permeiam esse
caminho que mergulhou em Medianeras. Agora é hora de elaborar formas peculiares
na construção de passos torneados pela beleza da arte do encontro com o outro. E
aos poucos capturar as possibilidades minuto a minuto tornando o viver uma afável
surpresa.
Obrigado Medianeras!
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