15 de jan. de 2013

Horinhas de Descuido

Pequeno momento 
encurralado pelo vento 
sem polpa ou alento
sem estar atento 
rolou rio a dentro 
e sem força no momento

Nos braços do rio
petrificado com o frio
boiou no vazio
suplicou um arrepio
abraçou-se arredio
na luta sobre o rio

E por um instante
na margem distante
saltou inquietante
para um galho errante
com feitio de amante
na sedução do instante

Salvo na margem
na remota viagem
choro selvagem
impregna a folhagem
na calorosa plumagem
no limiar sem margem

Vento arrependido
Acalenta perdido
a dor do sonido
do ser envolvido
ao próprio gemido
do feitor arrependido

Mas chega a brisa
com ar de sacerdotisa
lhe veste a camisa
afasta a inquisa
se faz poetisa
e ele escolhe somente a brisa






(Foto de acervo pessoal: Pintura a óleo sobre madeira.
Painel exposto no CAPSi Contagem MG - Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil de Contagem MG
Autor: painel confeccionado por várias mãos por usuários do serviço)

OBS: Não tenho pretensão alguma em produzir algo grandioso. Fiquei observando esse painel por horas e os trechos a cima saíram. Foi um exercício visual que acabou culminando no que foi escrito. Um convite a viajar na imagem na tentativa de descrever o que foi sentido, e uma vontade imensa de que minhas mãos tivessem feito parte desse grupo na produção da obra.


5 comentários:

  1. lindo isso, meu querido! Escreva mais, nos brinde, sempre, com essa sensibilidade rara!
    Beijo imenso da amiga Lola

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  2. Imagina se tivesse a pretensão de fazer algo grandioso!

    Adorei a brisa com ar de sacerdotisa! Ela vem sempre por aqui, sabia?

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    1. Oi Elô... qto tempo ausente né... tenho tanto a te falar minha linda... obrigado pelas palavras... bjs... te amo!!!

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    2. Temos que descobrir como nos falar mais, para além do coração! Minha vida fica mais linda quando você está por perto para me inspirar!... Te amo. Te amo... Te amo!

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